quando a maré baixa vem
no pé de quem chuta
no ar, assim displicente,
a água que não tem mais fim
quente
se torna imensidão:
é azul
reflexo de céu nu
refúgio de pescador
toda a poesia
que cai molhada
água salgada
não cabe num sal de mar
pinga, banha, arranha
desaba a maresia
é toda a poesia
que não cabe no olhar
nem no jato de água que sobe
a poesia não é o poeta
nem cabe no poeta
não é o pescador
ou andarilho na areia banhada de sal
a poesia se atreve a ser pé
no instante mesmo em que o olhar captou o chutante
* foto de niltim
Nenhum comentário:
Postar um comentário