sábado, 15 de maio de 2010

maré baixa

quando a maré baixa vem
no pé de quem chuta
no ar, assim displicente,
a água que não tem mais fim
quente
se torna imensidão:
é azul
reflexo de céu nu
refúgio de pescador

toda a poesia
que cai molhada
água salgada
não cabe num sal de mar

pinga, banha, arranha
desaba a maresia
é toda a poesia
que não cabe no olhar
nem no jato de água que sobe

a poesia não é o poeta
nem cabe no poeta
não é o pescador
ou andarilho na areia banhada de sal

a poesia se atreve a ser pé
no instante mesmo em que o olhar captou o chutante


















* foto de niltim

Nenhum comentário: