sábado, 5 de junho de 2010

a cama



era tão delicada a palavra que ele preferia dizê-la com nanquim borrado nos lábios.
o nanquim manchava, marchava e deixava rastros.
um bocado de palavras. nuas. cheias de apelos. ditas de assalto.
as palavras borraram de carvão os ouvidos e os olhos de quem as cheirava - coloridas e incríveis.
as palavras beiravam o ritmo. o intimo. e, galhofeiras, estreitavam o vínculo dos corpos aflitos por sedução em gemidos de cabeceira de cama - lotada de paixão, num colchão de suor e besteira.
a palavra era um nó na garganta quando o ruido era gutural de prazer - (in)definível (in)decifrável idioma.

* Ilustração de Vinicius Carmezim

Um comentário:

v. disse...

nossas artes, nossas.
só nossas.
só nós.

nossas tardes, juntos.
bem juntos.
um só.