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segunda-feira, 7 de junho de 2010
C. F. Abreu
foi na biblioteca da UFBA. abri um livro e tava lá esse envelope. achei tão oportuno à ocasião...
HOJE É DIA DE MUDAR DE CASA, DE RUA, DE VIDA.
Caio F.
PS: QUEIRA MUDAR.
~~~
tem umas coisas que a gente vai deixando, vai deixando, vai deixando de ser e nem percebe... ou percebe, mas finge que não tá vendo. ou então a gente guarda em algum lugar e é preciso que algo ou alguém incite a questão crucial que vai nos fazer ressignificar o que foi deixado pra trás. eu tô falando de mim. eu tô falando de quando eu era um menino e queria dançar mais que tudo. tenho conversado isso pra minha terapeuta e percebido que muita coisa fui deixando pra trás - não trouxe comigo o meu imaginário infantil, descuidei dele.
domingo, 23 de maio de 2010
tarde suja
o vento nas bandeirolas soava chuvisco na rua. as portas batiam e as janelas assobiavam - típico dia de céu nublado, cinza azulado, onde mais tarde, à noite, os gatos são pardos e a lua não dá o ar de sua graça.
mas era tarde e a tarde era suja - se insinuava um pretexto pra justificar sua solidão. a tarde também pedia cama. quase ninguém sai num tempo desses.
- água! todo mundo tem medo de água.
de quebra, um sentido a sua rotina: procurou livros, ensaiou falas, desenhou pavão. os dias de chuva nos deixam mais reflexivos, pensou, nada como uma boa água precipitando pra deixar o olhar dilatado, em vão, pensando ferrugem - passado.
as paredes úmidas e geladas deram vontade de encostar e suprir a falta de um corpo quente. um travesseiro entre as pernas, um dedo chamuscando a vela. (não, não tem vela na história. corta!)
as paredes úmidas deram vontade de encostar e suprir a falta de um corpo quente. um travesseiro entre as pernas e um punhado de lençóis na cama. aquele fim de outono era o mais vazio frio de outono que já fizera em seu coração.
levantou e foi até a cozinha. passou pelo armário vidrado - lhe refletia. parou no seu rosto. a boca ria, os dentes sorriam e os olhos enrrugavam - era parte dos exercícios na frente do espelho. queria que seus olhos pudessem ver como tudo estava bem, apesar da chuva.
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.*
numa confusão tamanha, metido numa solidão de entranhas: tantas estranhas sensações - nada poderia ser feito se não se dissesse NÃO. sabia que era anormal, como todos o são. mas também sabia não ser patologia o que deveras sentia.
- mania minha de enquadrar tudo. toc, fobia, es-quizo-frenia. TERAPIA!
mas teria que ser de graça. não pagaria a alguém para que lhe ouvisse falar. achava absurda a idéia e abortou-a rapidamente. finalmente (e pelo menos) pensou que era preciso mais que a si mesmo pra se encontrar. achou que já passara da hora de morar junto, numa filosofia. largou o pretexto da chuva ou só do texto pra contar seus desejos.
* trecho da poesia Lua Adversa, de Cecília Meireles, encontrada aqui
** Mulher Pavão, ilustração de maria valentina
sexta-feira, 7 de maio de 2010
sonhando ferrugem

me fiz inventando histórias e criei lições de moral nelas. contei pra todo mundo. desenhei. pra mim toda história tem sua serventia e não podia me deixar passar em branco. experimentei usá-las pra me deixar cada vez mais interessante. eu era enigma de mim mesma e emblema aos alheios. um conto de verão a quem chegasse.
curioso, antes me observava mais no espelho e podia reconhecer ali a verdade inconfessável dos meus dias - o tempo passava há anos e sua ausência me conservava intacta; besteira era percebê-lo.
em meu espelho a impressão do meu rosto mesmo antes de meu avançar. antigamente costumava ficar horas me contemplando. agora ele já acusa a passagem dos anos e tudo parece tão findo e exatamente claro, como 2 e 2 são 4, que pouco importava a tentativa de me olhar em outro, era lá que eu estaria: velha e mascarada. o tempo é justo por sua própria natureza.
se eu olhasse bem firme perceberia o desmonte muscular, o desmonte psíquico, o desmonte existencial de meu olhar sobre mim. tornei-me um estranho fenômeno da resistência. tornei-me um fato, um dado, uma esperança. em alguns anos teria a chance de contar histórias sobre o que fazer com o que resta de mim, achando graça de me resolver tranquila quanto ao meu destino - daqui pra frente muito certo é claro.
me despi num disperso olhar sobre o espelho, agora sujo e borrado pelo bafo de cansativos apelos ao retorno dos anos dourados, agora derradeiros.
a vida não passa de um eterno adeus na frente do espelho.
*ilustração de maria valentina
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
o vídeo é assim: quatro pessoas, dois homens e duas mulheres; um cenário branco, todo branco; eles estão apenas com roupas de baixo: cueca, sutiã e calcinha; não aparecem os rostos, apenas closes de perna, região da cintura e peitos. o vídeo é um clipe. a música é vem, de vanessa da mata. a dança é um arrocha. o roteiro é simples, somente dançam e se encontram. o final é surpresa.
domingo, 11 de outubro de 2009

o maior órgão sexual é a pele - pra quê restringir? um pau é um órgão reprodutor, sexual, mas fisiologicamente excretor e reprodutor! é preciso ampliar o sentido de corpo, já que um deles nos pertence. é preciso conhecê-lo, manter o olhar atento para certos lugares e para o corpo. o corpo é gerador sensações. o corpo, ao mesmo tempo que olha, é observado. a sexualidade é o que nos move, que nos impulsiona pras coisas do mundo. o encontro é sempre o objetivo das relações. tudo isso é sensação. o mundo é uma oficina de sensações onde tudo é respira sentido.
queria desenvolver uma teoria sobre o corpo no mundo e o corpo como um mundo capaz de interferir em outros mundos. eu poderia fazer um vídeo com isso, não descarto essa possibilidade.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
não me sinto parte nem próximo das pessoas só por elas serem homossexuais, isso não é tão importante pra mim. vai, tudo bem que estar com pessoas que têm os mesmos desejos que vc traz segurança, mas esses estereótipos sobre homossexualidade, não acredito neles. ser gay é apenas sentir atração sexual e emocional por pessoas do mesmo sexo que o seu, mas isso não condiciona a forma como se pensa ou aquilo que se é. tem muita bicha por aí que se detesta... além do mais, apesar de viver num mundo capitalista e não estar imune as suas fantasias e imagens espetaculares de felicidade (a cmpetição, a prerrogativa de estar sempre belo e feliz, a felicidade pelo consumo e uma lista interminável), eu não quero fazer parte desse movimento gay que parece cada vez mais incentivar um certo tipo de posicionamento frente ao mundo.
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